Bossa nova and you

Lembro até hoje o momento em que te vi pela primeira vez, eu estava no segundo andar do hostel que trabalhava, mas era o meu dia livre e aproveitei para colocar a leitura em dia. Estava com o livro “A conquista da felicidade” e você acabou passando na minha frente. Para a minha sorte você parou e voltou até o sofá em que eu estava sentado. Tentei me concentrar da maneira mais nobre na nossa conversa, mas era tanta beleza em um só corpo que perdi os sentidos por alguns minutos.

Seus longos cabelos negros, tua pele morena, teu sorriso longo e sem fim.

Todos os seus atributos físicos estavam em sintonia e sua simpatia no lugar como mágica. Eu até achei muito estranho no começo, tudo estava muito bom para ser verdade e foi a primeira vez que essa expressão me enganou. Além de bom, era verdade. Tão simples quanto a maneira que você brincava com as mãos. Nossa conversa fluiu naquele calor do Rio de Janeiro, falamos sobre suas aventuras no Haiti e como a Tunísia era um país misterioso. Enquanto isso sua beleza continuava a brincar nos meus olhos. Era uma mistura de visual e sonoridade da sua fala espanhola com um quê de francês.

Como já estava acostumado com aquela movimentação no hostel de gente a toda hora, me veio logo na cabeça que aquela apenas seria uma breve conversa e logo você iria rumo para o seu próximo destino, mas ele estava a nosso favor naquele momento. Você estaria por uma semana conhecendo o Rio com seus irmãos, que cá entre nós, são incríveis. O destino ou qualquer força maior nos presenteou com a companhia um do outro por um longo período. Apenas não imaginava a surpresa que estava por vir no final daquela semana.

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Na manhã seguinte saímos para correr no aterro do flamengo e fazer alguns exercícios funcionais. Para falar a verdade você me matou de canseira. Quando paramos eu já estava exausto, mas ainda fizemos uma curta prática de yoga. Naquele dia, acredito eu, você rumou para Natal, onde ficaria por 5 dias. Minha sorte, nossa, na verdade, era que você voltaria para o Rio, para o mesmo lugar.

Deixou saudades naqueles dias.

Você voltou feliz da vida com os seus irmãos após uns dias em Pipa com muita chuva. Infelizmente previsões climáticas não estão sob o nosso controle. Você estava de volta. Não pude ir com você na festa do barco, mas no dia seguinte, terça, caímos para Ipanema ao som de reggaeton e funk. Que noite incrível! Ficamos até cinco horas da manhã em clima de dança. Fomos para o hotel em que você se hospedou dessa vez, era verdade que estávamos mortos, mas a noite fez a mágica dela.

Nos dias seguintes passamos juntos, quase que inseparáveis. Fomos para a Lapa, comemos pastel com caldo de cana, coxinha e paçoca. Tudo apenas em uma manhã. Dançamos no Bagatelli com o Gabriel e mais uma vez terminamos a noite olho no olho. Lembra da loja de discos de vinil em Ipanema e o contador de histórias, aprendemos a mágica da Bossa Nova. Te apresentei um pouco da nossa brasilidade, um pouco de cada coisa. As praias. Nossa cordialidade, nossa música, nosso gingado.

Em troca você me mostrou O Mundo de Sofia, inclusive você levou um livro com o mesmo nome, depois de um tour pela Livraria da Travessa. A vida é uma coisa, não?

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