Após o café da manhã de sábado regado de tahine, salada, laranjas e challah, pão típico israelense consumido toda sexta no shabat, fui dar uma caminhada na Rothschild Boulevard para relembrar os velhos tempos vividos naquela cidade tão emblemática. É um caminho tranquilo para um sábado, poucos carros na cidade e muita gente caminhando pelas ruas de Tel Aviv. A cidade é um mix do vintage e o moderno, a arquitetura predominante Bauhaus, com muito prédio baixo e de tonalidade branca e creme, e um toque de grafites espalhados por toda a cidade. As pessoas… bem, as pessoas complementam a cidade com seu ar hipster, tanto seus moradores quanto a cidade, em seus patinetes elétricos voando pelas ruas. A sensação é que todo mundo saiu de um filme do Star Wars, cenário pós punk, mas recheado de tecnologia. E assim a cidade leva a sua vida.
Seguindo pela Rothschild Boulevard vou em direção ao bairro mais cool e cheio de vida dessa cidade: Florentine. É lá meu destino para um brunch com alguns amigos que fiz na primeira vez que fui. Viajar me deu algumas das pessoas mais valiosas na minha vida, a intensidade desses relacionamentos fizeram eu regressar pela terceira vez a Tel Aviv. Quando se viaja sozinho, o tempo caminha de forma diferente, tudo se torna mais intenso e memorável. Um dia normal se torna 20 dias para o viajante.
Florentine é meu destino daquele dia, mas ainda tenho tempo para caminhar pelas ruas e dar uma passada na praia. Tudo é perto e o terreno é plano na cidade, caminhar se torna muito fácil por lá. As ruas desse bairro hipster se tornam curtas e cheias de café em cada esquina. Sempre há alguém com seus laptops e muitas vezes acompanhados de seus dogs.
O mais curioso em Tel Aviv é a música de fundo em muitos desses empreendimentos. Muito provável que você cruze com alguma barbearia e até mesmo lojas de roupas e joalherias e vai se deparar com um techno house intenso. No começo eu ficava meio desconcertado, mas acabei me acostumando com música eletrônica em plena manhã de um dia convencional.
Entro em umas dessas mini lojas de acessórios masculinos para dar uma olhada em um anel de ônix que vi na pequena vitrine. Não se engane pelo tamanho da loja, os preços podem ser um pouco salgado, pois, são peças feitas a mão. Nesse mundo hipster tudo é minimalista e feito pelas próprias mãos do artista. Tudo se torna arte. Algodão cru nas mãos de um hipster se torna um vestido com vários cortes e minimalista. Aço de demolição se torna todo acessório possível, anéis de caveira, pulseiras com ar de destruição, pingentes com aparência duvidosa, mas sempre caros e handmade.
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Fui apenas conhecer a loja, saí de lá com a ideia de qual anel vou comprar. Talvez eu volte naquela mini loja, o dono dela é um israelense bem peculiar e interessante. Quando disse que eu era brasileiro as coisas mudaram muito. O cara me abraçou e começou a mostrar as fotos que tinha tirando no Brasil quatro anos atrás em Florianópolis. Israelense ama o Brasil, acho que é por isso que sempre volto para essa cidade, me sinto em casa.
Nas praias de Israel são os lugares em que você vai encontrar mais cangas com a bandeira do Brasil, e não são brasileiros que as utilizam. Enfim, essa curiosidade passou pela minha cabeça enquanto eu seguia em direção a praia de Jaffa, o bairro mais antigo da cidade de Tel Aviv, foi lá onde tudo começou. O porto de Jaffa é um dos pontos turísticos mais importante da cidade, porém, segui em direção à praia.
Sentei na areia e fiquei olhando para o mediterrâneo e refleti como minha vida tinha mudado nesses últimos anos até aquele ponto. Israel nunca esteve nos meus planos na época em que saí para o mundo e já era a terceira vez em que visitava o país. Meus amigos de lá se tornaram companheiros para a vida. Foi onde tudo mudou a rota da minha vida. Me apaixonei pela comida e pelas pessoas. Me apaixonei pelo verão e pela bagunça.
Na praia havia muitos muçulmanos e por eles não praticarem o shabat, dia de descanso judaico, todos estavam lá se divertindo com suas famílias e aproveitando o verão escaldante da cidade. Tel Aviv é o ponto de conexão entre toda tensão que o país vive, onde o preconceito se torna respeito e as diferenças se convergem entre partidas de matkot, muito parecido com nosso frescobol, mas que eles levam bem a sério.
Perco a hora e deixo a praia para o brunch, sigo de volta pela mesma rota em até um pequeno prédio antigo, branco, com arquitetura Bauhaus e toco no apartamento 217, em Florentine. Entro e vou direto para o terraço e pulo o muro para encontrar todo mundo em volta de uma mesa com húmus, challah do hostel que meu amigo trabalha e não hesita em “pegar” dois para nós, champagne para fazer mimosa e salada para acompanhar todo aquele banquete. Me servi e tirei todos os pepinos possíveis.
Era uma mistura de língua inglesa, francesa, hebraico e muita risada. Ao som de deep house alternativo para não fugir do costume e quase todo mundo fumando alguma coisa. Naquela roda de amigos o que não faltava era papo e bons momentos. Realmente, Tel Aviv é uma festa.
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Ahhh Pedro… quero tanto ir! Mas agora perdi a vontade de ir sozinha. Quero você junto pra me guiar, já que agora você manja dos paranauê tudo de passear por lá.
Voemos!!!
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