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Onde estão as xícaras? Crônica de um nômade digital

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cronica de um nomade que não tem tudo em mãos.

You can kill my vibe, mas não com o meu desejo de tomar um bom café pela manhã. Eu tomo café pelo cheiro e não tanto pelo efeito. Quando chego em uma casa nova, pela manhã seguinte sempre há uma surpresa: será que há xícaras? Essa é uma pergunta facilmente feita para qualquer atividade quando você se encontra em um novo ninho, naquela casinha nova alugada por alguns dias ou meses que você gastou tempo procurando no Airbnb.

Com base em nossas pequenas rotinas, até mesmo quando alguém muda a ordem dos talheres na gaveta de nossas casas, ficamos levemente irritados. Chegar em um espaço onde tudo foi mudado não é diferente, é um pouco mais frustrante. Eu me alegro com essa vida de pular de galho em galho, as melhores coisas que me aconteceram até hoje foram no processo de movimentação.

Não encontrar o que desejamos em uma casa nova nos faz desenvolver uma habilidade essencial para quem quer trabalhar em lugares diferentes, que é a adaptabilidade. Se não houver xícara, use um copo. Se não houver copo… aí é sacanagem! É fácil nos pegarmos em uma posição de estresse quando nada está do nosso jeito.

Estressar-se por não encontrar coisas simples em uma nova casa e ainda persistir nessa vida é pagar para viver estressado. A adaptabilidade cria uma casca que, independentemente da situação, é possível manejar de forma adequada. Eu poderia passar horas e horas contando quando tudo deu errado: não poder tomar água por um dia porque o lugar onde buscamos água fecha aos domingos, e a água da torneira não é confiável para cozinhar; quando a energia acaba na cidade inteira; quando os motoristas de ônibus entram em greve.

onde está o meu café

Fique 30 dias viajando e verás como é belo as merdas que podem te acontecer. Nada de grave, mas que facilmente pode te colocar em uma posição de estresse novamente.

Comprar coisas no caminho, e deixá-las, também faz parte do processo. Era uma vez, quando chegamos em Cusco, no Peru, descobrimos que não só não havia nenhuma forma de passar café na casa – o que é bem estranho, pois o país é conhecido como um excelente produtor de café – mas que não se encontrava o simples coador que o brasileiro tanto ama.

Reação: espanto. “Como assim não há um filtro de café na casa?”. Pois bem, aparentemente nem filtro se usa no país, não encontramos nenhum filtro de nenhum material. Só nos restavam nossas meias, mas isso estava fora de cogitação. A única solução seria comprar outra forma de passar café, mas achamos apenas máquinas elétricas, o que seria inviável para carregar.

Depois de uma longa passeada pela cidade, encontramos um único lugar que vendia moka, a famosa cafeteira italiana. Custou a nós algo em torno de 90 reais, e o entendimento de como os peruanos consomem café. Depois descobrimos que há coadores em cafeterias, mas nunca soubemos de onde eles vêm.

Moral da história: se queres café, use a maneira mais tradicional que se faz no país. Não queira inventar máquinas mirabolantes quando nem o simples se encontra.

São situações assim que quando acontecem muito frequentemente tornam a viagem exaustiva. De certo que você não vai encontrar tudo o que está em sua própria casa – talvez em Airbnbs de R$ 10.000, R$ 20.000.

alpacas ou llamas peruanas?

Como eu não cheguei nesse nível atualmente, conto com a sorte, boa-vontade e certa noção do host em equipar a casa que pretende receber pessoas. Depois de ter passado por dezenas de Airbnbs já sei o que funciona e o que não, o que ganha pontos com o hóspede e o que não faz diferença.

Mas mesmo quando tudo está seguindo muito bem, espere que alguma coisa vai desandar. Provavelmente virá com a péssima internet que o local possui. No caso das xícaras é fácil encontrar e comprar se houver necessidade, mas resolver pepino por causa de uma péssima internet é uma dor de cabeça.

Desejo que você viaje bastante e que tenha sorte com o básico. O local que você alugou não é sua casa, é muito provável que você venha de culturas diferentes onde as prioridades também mudam, isso também serve para viagens dentro do próprio país – há mil Brasis dentro do Brasil.

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2 Replies to “Onde estão as xícaras? Crônica de um nômade digital”

Eliana Rejane Lemos

Amei. Amo tudo que escreve. Viajo com suas histórias.

Eu

Muito interessante e bem observado, se não nos adaptamos a realidade que nos oferece a conjuntura do local onde nos encontramos ou exercemos nossas atividades, acabamos irritados, frustrados e incapacitados para prosseguir em nossa jornada, contudo não podemos jamais desistir.