Brasil, Argentina, Espanha, México e França. Todos em volta de uma mesa conversando sobre tudo, desde futebol até a situação de independência da catalunha. Diversidade cultural em quase todos os momentos. Idioma predominante: Espanhol. Mas isso não foi motivo para eu não me situar do que a conversa se tratava, até ousei conversar com meu espanhol oriundo do Duolingo, aplicativo para aprender idioma.
Acredito que o jantar é algo mágico, é aquele momento onde nos reunimos para conversar sobre os ocorridos do dia e outras trivialidades. E percebi que não existe barreira linguística para isso, se todos estão comendo e bebendo, muito provável que estejam rindo e conversando. Assim esperamos na maioria das vezes (brigas e quebra-pau acontece em toda família, a sua não é a única).
O que mais me encantou naquele momento em que estávamos reunidos, foram as histórias contadas por seus participantes e seus pontos de vistas. Fazer uma viagem solo me proporcionou esse tipo de momento a toda hora.
E o mais importante, todos respeitavam as opiniões alheias. Eu não entendo de futebol igual aos meus conterrâneos, na verdade, uma criança de 8 anos sabe mais nomes de jogadores do que eu.
Entretanto, eu não pude deixar de cutucar meu amigo argentino sobre quem foi melhor jogador. Pelé ou Maradona? Sabe o que aconteceu? Ele disse Maradona, resposta quase óbvia para ele, e logo começamos a rir sobre isso. A provocação não passou disso. Conversar sobre futebol, ok. Discutir sobre ao ponto de criar intriga, não nessa vida.
Bom humor ajuda muito a cativar os outros.
Se você está em um lugar onde as pessoas são diferentes de você, faça um favor para todos, inclusive a você. Esteja de bom humor. Não existe a lei da atração (caso você acredite) para os momentos da vida? Então, você atrai aquilo que entrega.
Em uma situação onde as pessoas mal se conhecem e são de culturas e países distintos, o mais sensato a fazer é mostrar bom humor. Ninguém ficou incomodado com quão meu espanhol é difícil de entender às vezes, mas muito provável eles ficariam incomodados se eu não estivesse mostrado respeito na hora do papo e ficasse fuçando no celular.
Eu estava presente na conversa, de corpo e alma, e isso fez total diferença na hora de me aproximar dos meus amigos do mundo.
Bom humor + respeito a diversidade = papo agradável.
A cada dez palavras ouvidas, fale uma.
Essa não é uma regra e esse dados não foram comprovados cientificamente. O que quero dizer é: aprenda a ouvir. Em uma roda de pessoas onde você é o “novato”, mantenha os ouvidos afiados e a boca fechada. Dale Carnegie escreveu em seu livro Como fazer amigos e influenciar pessoas, que as pessoas adoram falar, gostam de contar relatos sobre suas vidas. É agora que você conquistará a pessoa sem ao menos dizer uma palavra.
Estava eu na mesa conversando com o francês, que está trabalhando na reforma da casa onde estou. Ele me contou sobre os oito anos que competiu no ciclismo. Me contou sobre o estreito de Gibraltar. Falou um pouco sobre a arquitetura das casas espanholas. Comentou sobre alguma peculiaridade da Segunda Guerra Mundial. Conversamos de tudo um pouco. Ele tinha os relatos, e eu os ouvido.
Outra coisa bem bacana sobre a diversidade cultural. Esse camarada francês era o mais velho da mesa, estava com seus 52 anos. Como a realidade dele é muito diferente da minha do Brasil, não havia coisa mais sensata a se fazer do que apenas ouvir. As experiências vividas pelos mais velhos valem ouro.
Respeito dado, é respeito cumprido.
Conquistou o respeito das pessoas? Ótimo, agora você terá que mantê-lo. Saber o limite das pessoas em outros países é muito complicado. Talvez aquela brincadeira no Brasil que eu faço com meus amigos e família, não é muito bem-visto aqui na Espanha. Por isso é melhor ouvir por um tempo, do que sair falando m**** por aí.
Um exemplo interessante sobre isso é o uso da palavra nigga no Brasil. Eu odeio essa palavra com todas as minhas forças, acho ela totalmente pejorativa. Não consigo usar nem para brincadeira. Mas, porém, entretanto, já ouvi diversos brasileiros falarem essa “palavrinha” como se não fosse nada de mais.
Se o ser humano não tiver o mínimo de bom senso e chegar nos Estados Unidos soltando essa palavra de graça, meu amigo… espero que a pessoa errada não ouça você falar ela. Posso estar enganado, mas pelo menos um murro bem dado você vai receber. Fora o sermão e um pouco de aula de história.
Logo, se te deram respeito, trate-o com a devida postura.
A diversidade cultural faz com que cheguemos mais longe.
Um exemplo que adoro usar são os livros do Tolkien. No Senhor dos Anéis há um grupo de seres, que muitos não são humanos, que são encarregados de levar o anel para uma montanha para ser destruído. Um dia escrevo mais sobre essa história, enfim, hoje só teremos uma noção do que se trata.
Esse grupo chamado de “A Sociedade do Anel” é formado por sete seres totalmente heterogêneos. Nem o idioma é o mesmo, muito menos a raça. Depois de muitos entraves e momentos nebulosos, enfim eles conseguem destruir o anel. Para que isso acontecesse foi necessário que eles fossem bem distintos. Cada personagem complementava o outro nas diversas situações. Até os seres considerados mais fracos tiveram sua importância.
Com base na história de cada raça. Idioma diferente? Sim. Diversidade cultural? Sim. Essa “sociedade” tinha tudo para dar errado, mas ao contrário, ocorreu tudo conforme o planejado.
Saindo um pouco da ficção e com os olhos voltados a realidade, estar com pessoas distintas te obriga a pensar de modo diferente. Te faz entender outros pontos de vista. Te faz a ir mais longe. Na minha opinião, te faz uma pessoa melhor.
Se dê o luxo de ir além a sua roda habitual de amigos.
O que se espera numa roda de pessoas com os mesmos pensamentos? A mesma coisa. O que se espera numa roda de pessoas onde as pessoas são totalmente distintas? Não se sabe, só estando numa roda dessas para saber. A graça está na surpresa de opiniões e ideias.
Para alguns pode ser um pouco assustador se reunir com pessoas que falam idiomas diferentes e que são culturalmente distintos. Lembre que ser “culturalmente distinto” é um ponto de vista. Para um brasileiro, a cultura indiana é de outro mundo. Para um indiano, sua cultura é algo natural.
Não existe cultura pior, ou melhor, apenas existem culturas diferentes da nossa.
Se calhar de você cair em uma mesa como a minha, ou até mais distinta, sorria e respeite essas pessoas. Não compreende o idioma muito bem? Não se preocupe, ninguém te julgará por causa disso. O importante é estar em sintonia com a diversidade cultural do lugar.
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[…] Na Espanha eu realmente fiquei por minha conta. Não conhecia uma viva alma nesse país, até que fui para Utiel, um cidadezinha perto de Valência. Fiquei 3 semanas como voluntário numa vinícola. Sim, numa vinícola! Lugar mais lindo do mundo e o mais pacato. Não tem p**** nenhuma pra fazer lá além de trabalhar, beber vinho e conversar. De novo, estava no meio de espanhóis, argentinos, um israelense, uma brasileira, uma mexicana. Até agora foi o lugar que menos me senti sozinho. Posso até dizer que tivemos muitos momentos família na bodega de vinos. […]
[…] pessoas em outros países abrem os braços para nós. Eles nos amam pelo que somos como pessoa e o futebol ajudou a alavancar essa fama. […]