A estrada é um lugar que existe, porém, não do jeito que imaginamos. Se você imagina que as coisas que passam por sua cabeça vão acontecer, esquece. Se aventurar por ai como viajante solitário é viver na incerteza. Você até pode ter uma breve noção, como, por exemplo, que sua estadia em Barcelona será no dia x. A partir do momento em que pisar no terminal rodoviário ou na saída do aeroporto, tudo será diferente.
Nesse momento você estará sozinho, e muito provável não terá ninguém a sua volta conhecido. Se sua viagem é igual a minha onde os hostels viram a nossa “casa”, a palavra sozinha é lenda. Estive em três hostels durante minha viagem por Portugal e Espanha, um Couchsurfing e dois Worldpackers. Nenhum deles eu fiquei perdido por sequer um momento.
Se tu acha que é o único ser humano que está de passagem por ali sozinho, sinto te informar que tem uma galera no mesmo barco que você. Em Lisboa estive num hostel bem familiar, um lugar pequeno, mas muito acolhedor. Por Portugal ter o mesmo idioma que o Brasil, metade do hostel era brasileiro e a outra metade uns perdidos do mundo. Como um amigo já estava naquele hostel já fazia 10 dias, foi mais fácil para eu conhecer a galera que estava por lá. Em dois dias já conhecia 70% dos “moradores” daquele lugar. Nem se eu quisesse ficar sozinho eu iria conseguir, brasileiro é bem chamativo por onde passa.
Sozinho em uma vinícola, no way!
Na Espanha eu realmente fiquei por minha conta. Não conhecia uma viva alma nesse país, até que fui para Utiel, um cidadezinha perto de Valência. Fiquei 3 semanas como voluntário numa vinícola. Sim, numa vinícola! Lugar mais lindo do mundo e o mais pacato. Não tem p**** nenhuma pra fazer lá além de trabalhar, beber vinho e conversar. De novo, estava no meio de espanhóis, argentinos, um israelense, uma brasileira, uma mexicana. Até agora foi o lugar que menos me senti sozinho. Posso até dizer que tivemos muitos momentos família na bodega de vinos.
Nesse exato momento a galera que trabalhou comigo está hablado no grupo do WhatsApp que fizemos. Três semanas de voluntariado, mas parecia que conhecia esse povo já fazia 10 anos.
Cinco dia em Valência como “viajante solitário”
Que hostel gigante! Quatro andares e centenas de camas. Quanta gente num só lugar! Após fazer meu check-in eu realmente achei que iria ficar sozinho naquela cidade. Queria que fosse verdade…mentira, queria não! Na manhã seguinte que cheguei fui num free tour pelo centro histórico de onde estava. Eu era o único latino daquele grupo, assim foi mais fácil para ser reconhecido. Em pouco tempo comecei a trocar ideia com um carinha da Alemanha, o Ben. Depois do tour conversamos por horas sobre tudo. Descobri que ser policial na Alemanha é algo muito valorizado (só descobri isso, por que ele é policial por lá).
Depois que você conhece a primeira pessoa no lugar, a segunda, terceira, quarta… fica mais fácil. Em dois dias já estávamos com um grupo de umas cinco pessoas de diferentes países. Jantar? Compramos as coisas e cozinhamos no hostel. Sair da noite? Não precisa chamar duas vezes.
Por três dias o hostel foi assim, bem solitário.
Partiu Couchsurfing, solitário novamente…
Como eu queria conhecer esse jeito de se hospedar, eu mandei uma mensagem para um morador de Valência que recebe gente do mundo inteiro em sua casa. Minha sorte foi que meu calendário bateu com o dele. Como era a primeira vez num Couchsurfing, fiquei numa ansiedade sem limites. Quem são essas pessoas que hospedam estranhos em suas casa?! Loucura isso! Na minha cabeça só passava coisas negativas em ficar na casa das pessoas sem nenhum custo, só pelo prazer de ter algum viajante solitário em sua casa.
Sou um cara de sorte, minha estadia na casa do Jose foi foda! A casa do cara era perto do hostel em que eu estava e o apê dele é lindo! Fiquei num quarto privado com cama de casal e acesso à vontade pelos ambientes da casa (cozinha, banheiro e lavanderia). E para finalizar, ele me deu a chave da sua casa! Quem faz isso!? De longe foi um dos melhores lugares que fiquei na vida. Ele foi muito receptivo e me mostrou vários pontos da cidade que não são tão famosos, mas que valem a pena. Novamente, não me senti sozinho.
Ser voluntário em Granada é uma experiência muito triste.
Fazem quatro dias que estou em Granada trabalhando num hostel. Devo ter conhecido umas 30 pessoas nesses breves momentos, fora a galera que está aqui comigo. E vou além, conheci a Trufa, uma cachorrinha que é a mascote do hostel.
Ontem a noite estava conversando com um cara que é engenheiro e trabalha no Google, no escritório da Califórnia em Mountain View. Ele se sua esposa estavam viajando pela Espanha por alguns dias. Contei para ele um pouco da minha experiência como Worldpackers e ele amou! Pediu o nome do site e tudo mais. Esse jeito de viajar solo encanta muita gente. Inclusive um funcionário do Google.
A verdade é: se tu está sozinho é por que quer!
Se você é um viajante solitário é muito difícil não encontrar alguém para conversar. As pessoas são mais receptivas do que imaginamos. Dizem que os alemães são frios e os australianos também, não encontrei nenhuma frieza nesse povo. Pelo menos essas pessoas que encontrei por aí são bem calorosos. Já sentou do lado de gente da Croácia e Bielorrússia? Não sabe o que está perdendo. Uma coisa eu sei, se eu for para a Croácia tenho uma casa para ficar.
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