Pelo Mundo

Meu mochilão não é minimalista

usar mochilão é viajar melhor e para muitos lugares diferentes sem se preocupar com mala quebrada.

Um mundo inteiro em 70 litros para viver cada viagem sem deixar as pequenas alegrias para trás.

Quando decidi usar mochilão para minhas viagens de longa duração, já sabia que não seguiria o caminho tradicional. Na verdade, ele começa minimalista, mas já sabe que algum espaço para extravagâncias ele vai ter. Primeiramente, vou apresentá-lo como sendo a minha casa, onde carrego um pouco de tudo que tenho em casa. É uma mochila de 70 litros da Forclaz, marca da Decathlon, comprada há 4 anos – mas parece que saiu da loja ontem, sem nenhum zíper quebrado, nenhuma linha solta, apenas um pouco de sujeira na parte na base.

Não é possível levar uma mochila de 70 litros na cabine do avião, pago o preço para despachá-la e não me arrependo. É como se ela fosse parte de mim, tudo que coloco dentro tem uma função. A decisão de usar mochilão em vez da ideia da mala minimalista que é vendida na internet (três camisetas, uma camisa, uma calça, um tênis, uma cueca e uma meia). Minha mala arrumada antes de viajar, considerando o termo viagem um tempo maior que 6 meses que ficarei fora de casa, tem aproximadamente 13-14 quilos.

Eu levo camisetas para sair, 2-3 camisas, 2-3 calças, uma bermuda, cueca e meia para 10-12 dias, assim não preciso lavar a cada 3 dias, roupas de academia, porque costumo treinar todos os dias, e três tipos de calçados – tênis de corrida, um social e minha bota que não deixo pra nada, é com ela que viajo, pois é pesada se comparada com as outras peças.

O meu “segredo”, que você encontra em qualquer vídeo no YouTube, é fazer rolinho com as roupas. Elas se encaixam perfeitamente dessa forma e parece que a mala ou mochila abre espaço extra.

Eu até gosto da ideia de ser minimalista, mas não carrego esse termo ao extremo comigo. Cada viagem vai me proporcionar algo diferente que talvez eu precise comprar coisas no caminho. Quando digo coisas, não são ímãs de geladeira, esses cabem tranquilamente, mas já cheguei a carregar um kit de máscara e snorkel Cressi porque estava em um lugar perfeito para curtir o mar e ver os peixes e corais. Fica a pergunta: não deixo de ter a experiência ou compro o snorkel para passar 30 dias usando quase todos os dias depois do trabalho?

Uma alternativa era deixar a máscara da Cressi para trás – mas quem sou eu para deixar um produto de qualidade daquele para trás? Além disso, sempre tenho em mente que aquela não será a última utilidade daquela máscara. Dito e feito, a máscara de mergulho comprada na Colômbia foi usada em Florianópolis, e infelizmente cometi um erro, pois a mesma máscara que foi de um lado para outro deveria ter ido comigo à Itália. Morei em Siracusa por dois meses e havia os melhores pontos de snorkel da região – comprei um barato e o deixei lá.

Minha mochila começa com seus 13 quilos com o peso puro em roupa, e já chegou a pesar 22 quilos depois de alguns meses – como as companhias permitem até 23 quilos da mala despachada, sempre tomo cuidado com isso.

O preço de cada quilo às costas é alto, acho que é por isso que treino pesado as costas e as pernas, porque vai fazer a diferença quando usar mochilão e precisar carregá-la por quinhentos metros debaixo do sol, subir escadas e ainda ter no meio do peito a minha mochila com meu equipamento de trabalho. É nesses momentos que paro e penso “por que diabos estou carregando tudo isso?”. Não é gostoso, mas no final eu acabarei usando tudo que trouxe, uma jaqueta nunca vem em vão, as roupas de treino são as mais prejudicadas, todos os dias vai uma.

Como já havia dito em textos anteriores, os livros são sagrados para mim, e eles fazem parte dessa equação que quase destrói as minhas costas e pernas. Cada pequeno pedaço de papel que entra na mochila é um peso a mais, depois de 8 meses são muitos papéis ao ponto de alguns irem na mochila de mão mesmo.

Esse foi o meu melhor investimento, talvez um dia eu mude de ideia, mas pretendo usar mochilão por muito tempo ainda, não planejo aposentá-lo tão cedo. Há dezenas de compartimentos: cada um para minha mini farmácia, carregadores, colares e brincos, para cada pequena peça há um pequeno espaço. Até Wizard, um jogo de cartas alemão, tem o seu espaço – esse jogo anima qualquer casa. Aprovado pelo selo Pedrix.

O mochilão, pelo menos esse, tem durabilidade respeitável. Quantos casos de malas despachadas quebradas você já não ouviu falar? Casos e casos que não acabam mais. A vantagem de usar mochilão está justamente nisso: ele é líquido, quando coloco a capa dele fica ainda mais resistente, não há peças que podem quebrar com qualquer pancada. Qualquer coisa de valor que vai comigo com potencial de quebrar vai no meio com todas as roupas protegendo. Até então nada nunca quebrou – que continue assim.

Carrego um sentimento de casa quando chego em um lugar novo em que passarei dois meses e desfaço “a mala”. É como colocar um pedaço meu pela casa. Eu construo a minha pequena biblioteca, coloco pela casa minhas coisas, guardo as roupas imediatamente no guarda-roupa, faço tudo que eu faria se estivesse em casa – mas em nossa casa provisória.

É legal ver que tudo que temos tem espaço por onde vamos: livros estrangeiros se misturando com a biblioteca alheia, minha cabeça de Skanderbeg que comprei na Albânia com enfeites turcos em Istambul, meu kit de snorkel na prateleira. Esses artefatos são um pedaço de nós que também querem fazer parte da decoração. Se eu tivesse mais espaço, possivelmente eu traria mais coisas e mais presentes às pessoas.

Algumas de minhas extravagâncias em viagens, que não necessariamente estiveram na mesma viagem:

  • 20 livros.
  • Kit de snorkel e máscara de mergulho.
  • Roupa para natação em águas abertas, pé de pato e boia sinalizadora (esses me ocuparam uma mala extra).
  • Minha marionete chamada Rinaldo que comprei em Siracusa.
  • Três cerâmicas sicilianas, ainda que pequenas, são cerâmicas e podem quebrar facilmente.
  • Elásticos de treino.
  • Sapatilha de escalada e bolsa cheia de magnésio.

Tirando as cerâmicas e a marionete, que são enfeites belíssimos, cada item foi usado mais de uma vez em outros lugares. Eu faço deles um investimento a longo prazo, cada qual foi pensado muito antes de entrar dentro da mala – não houve compra por impulso, a não ser alguns livros que estavam bem baratos. Por exemplo, sem o kit de snorkel e máscara eu jamais poderia ter visto o belo polvo em Siracusa; e como todos os dias eu acordo e encontro Rinaldo pendurado no meu quarto, uma lembrança de quão bela foi minha vida na Sicília.

A soma de minha mala com mochila chega no máximo a 30 quilos, quando muito. Mas vamos levar em conta que são malas que devem durar um ano de viagem. Várias roupas rasgam e ficam para trás, apenas dessa forma me dou o luxo de comprar algo novo. Sabe aquelas baladas que só entram se alguém sair? Minha mochila funciona dessa forma. Há quem diga que carrego poucas coisas para tanto tempo, talvez seja verdade, mas tendo a olhar para o meu mochilão como um lugar sagrado onde apenas coloco o que preciso e que vai me fazer feliz – não preciso de uma sapatilha de escalada, mas me fará feliz escalar com ela.

Preciso fazer mais alguns agachamentos e pranchas para aguentar a próxima viagem. Usar mochilão não é para os fracos de coluna! O que será que vai vir de novidade? Vai saber como será o Pedro de amanhã.

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One Reply to “Meu mochilão não é minimalista”

Mirian

No que ele trabalha?