Aprendi uma coisa depois de mandar o meu livro para um revisor experiente. Não é segredo e nem uma técnica mirabolante: mostrar é melhor que contar.
O que seria isso?
Se você não consegue distinguir a diferença entre mostrar e contar, fique tranquilo, essa dúvida não é apenas sua. Eu, por muito tempo, escrevi histórias muito descritivas e não deixava espaço na cabeça do leitor para ele moldar a história com sua imaginação.
Comece a reparar nos livros de ficção que você lê. Pode até ser que o autor tenha contado muita coisa em sua primeira versão, mas, quando se trata de colocar um livro no mercado, é preciso revisar com atenção. Eu mesmo cortei muitos parágrafos descritivos em meu livro de contos e adicionei mais ação para o leitor imaginar a situação.
Vou tentar mostrar, com exemplos, a diferença entre mostrar e descrever de uma maneira simples.
A diferença entre mostrar e contar
Quando você conta invés de mostrar, você apenas aponta a informação e não deixa espaço para o leitor imaginar.
Pense nos adjetivos. Você pode bem descrever um personagem como: alto, bonito, temperamental, bravo, sério, que está com frio. A imaginação entre os adjetivos fica por sua conta.
Adjetivar um personagem é descrever ele, o que não há nenhum problema.
Mostrar vai ajudar o seu leitor a colocar uma imagem na história.
Se o seu personagem é baixo, você pode deduzir quando outros personagens o olham com a cabeça baixa, ou fazem piadas com o seu tamanho. Há diversas maneiras de descrever um personagem baixo, sem dizer a sua altura.
Para não contar que um personagem é tímido, mostre que ele não é de conversar muito com pessoas que ainda não conhece. Diga que ele tem dificuldade em olhar diretamente nos olhos das pessoas.
Quando você mostra, faz o seu leitor parte da experiência. Assim fica mais fácil dele se entreter com a história. Você não precisa apontar exatamente como tudo acontece, ele precisa tirar as próprias conclusões no decorrer da história.
Não há nada melhor do que dar essa função ao leitor: a imaginação.
Exemplos de mostrar e contar
Conte: Quando eles entraram na sala, ela percebeu que haviam fumado cigarro.
Mostre: Quando Josh and Carlos entraram no ambiente, subiu um cheiro forte de tabaco vindo deles. Anna sentiu aquele cheiro antes deles entrarem na sala.
Conte: Ficou frio e o sol derreteu o gelo.
Mostre: Johnny morria de frio em estar ali, sorte a sua que o sol, que refletia na rua, o ajudou a esquentar um pouco o corpo.
Conte: James ficou bravo.
Mostre: O sangue do James subiu na hora em que ele ouviu a notícia: seu irmão havia entrado de penetra em seu casamento.
Conte: Era primavera.
Mostre: As flores começaram a nascer naquela árvore.
Conte: Ele era piloto de avião e perguntou onde era a sala de embarque.
Mostre: Ele vestia aquele clássico uniforme de piloto de avião, com uma insígnia no lado esquerdo do paletó e chapéu de aviador. O clichê estava em seus óculos, um Ray-Ban aviator com armação dourada. Quando se aproximou perguntou: “onde fica a sala de embarque?”
Conte: Eu conversei muito com o Michael sobre suas histórias no Sudeste Asiático.
Mostre: Eu não parei de prestar atenção no Michael quando começou a contar suas histórias de viagem. “Agora preciso te contar o que aconteceu comigo na Tailândia.”
Há problema em contar?
Não vejo problema algum em contar, eu adoro descrever o cenário, o personagem, a situação, mas tento me atentar ao excesso. É incrível abrir um livro e perder horas naquela leitura, justamente por manter o leitor, nós, parte daquela história. Se há informação secundária na sua história, é melhor descrever. Mostre a ação quando fizer parte da história principal.
Ao invés de entrar em uma cena que é necessário descrever todo um processo, seja breve e parta para ação seguinte. Um exemplo:
Na volta para casa ela passou na padaria e pegou alguns wraps vegetarianos para comer naquela noite. Ela não queria desperdiçar seu tempo preparando jantar. Seu foco era mandar mensagem ao anfitrião sobre seu interesse em fazer parte da equipe e esperar até eles responderem. No site diz que os anfitriões têm até quatro dias para responder, ainda tinha muita gente para avisar sobre sua ida à França.
Esse parágrafo fica melhor assim:
Seu foco era mandar mensagem ao anfitrião sobre seu interesse em fazer parte da equipe e esperar até eles responderem.
Esse pedaço foi retirado do meu livro “Entre Atlas e Oceanos” antes e depois da revisão com um profissional. É um parágrafo de transição que não precisa de muita informação. As palavras de um conto precisam ser eficientes para manter um ritmo. Não há espaço ou tempo para alongar muito.
Escrever um conto é uma arte. Mostrar é parte essencial para manter a história interessante.
Depois da breve descrição que liga uma parte não importante entre dois pontos chaves do texto, volte ao modo ação e deixe o leitor imaginar a história.
Livros geralmente são melhores que filmes
Enquanto nos filmes o diretor gera as imagens de acordo com o que aparece em sua cabeça, nos livros o leitor cria o próprio visual. Quase sempre os livros são melhor que os filmes, mesmo quando os filmes são incríveis, o livro consegue se superar. O Senhor dos Anéis que o diga.
Se você sempre contar em seu livro vai ser como assistir a um filme, não vai dar espaço para o leitor imaginar a história.
Já se pegou em um livro que te levou na história por horas? E aqueles que lhe custava terminar uma página?
Observe como o autor se posiciona em suas palavras. Estou lendo um livro que me prende em cada página. Para quem tem interesse em história, viagem e época colonial, o livro O Equador prende o leitor em cada página. Mesmo com seus longos parágrafos o autor consegue inserir quem lê no romance.
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