Pelo Mundo

Por que estou viajando?

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Lá estava eu, sentado no rooftop do hostel em que estava trabalhando e viajando por pouco mais de três meses em Tel Aviv, Israel. Depois de algum tempo eu já estava habituado com todos os funcionários e voluntários que faziam parte do meu dia a dia. Aliás, estive com homens e mulheres de dezenas de países diferentes como Sudão, Etiópia, Eritreia, Alemanha, Geórgia, França, Rússia, Moldávia entre outros. Sem falar na mescla de idiomas diários que eu ouvia do meu povo.

Ainda no roof meu camarada da Geórgia sentou-se perto de mim para fumar seu cigarro. Conversa vai, conversa vem e eu quis saber um pouco mais da história dele e do porque ele se encontrava em Israel. Ele tinha visto temporário de trabalho e logo pretendia voltar para sua terra. Mas ele vem com uma pergunta que matutei para tentar responder: Porque você está viajando? Qual o motivo dessa sua jornada?

Por que necessitamos de motivos para tudo?

Na verdade não precisamos. Cada um tem o seu motivo particular, uns gostam de fazer tais coisas por puro prazer; outros fazem para agradar pessoas que eles se importam e há pessoas que fazem pelo simples motivo de fazer. Pelo tom de voz do meu amigo eu percebi uma certa incredulidade no seu falar. Zero teor de menosprezo, ele só não entendia o porque eu estava fazendo aquilo. E depois de um tempo nem eu entendi direito.

Eu acordava. Trabalhava. Conversava com meus amigos. Via algo novo. Conhecia lugares extraordinários. Dormia. Essa era basicamente minha rotina da semana, óbvio que conhecer lugares maravilhosos todos os dias por seis meses é quase impossível. Muitos dias eu me pegava só para relaxar, ir para a praia e ficar lendo horas e horas. Mas mesmo após ver lugares que só me aparecia no plano de fundo do Windows eu ficava me martelando o motivo de tudo isso.

As razões podem ser mais simples do que pensamos.

Depois de ver lugares fabulosas eu percebi que o que mais me movia a estar naquela situação eram duas coisas: o desconhecido e as pessoas. O primeiro é a causa e o segundo consequência. Ter consciência do desconhecido é entender que é nele onde a mágica acontece. A falta de expectativa que eu tive nos lugares em que fui foi a razão para eu ter amplificado a vontade de experimentar situações que nunca imaginei. Cheguei em Bangkok com zero expectativas do que ver e conhecer.

A primeira impressão do hostel em que comecei a trabalhar foi de tranquilidade e serenidade. Um lugar que no meio da selva de concreto se destaca como um ambiente para quem busca silêncio (Sim! Isso existe em Bangkok). Além disso conheci as duas idealizadoras do hostel que tem ideais completamente inusitados, elas buscam juntar um lugar e as responsabilidades socioambientais num mesmo pacote. E dois dias depois eu estava num café conversando com o idealizador de um projeto que mescla um bar com ideologias budistas sobre a morte. Um lugar que faz as pessoas a refletirem seus propósitos e como a morte pode auxiliar em suas buscas enquanto tomam uma xícara de chá. 

Enquanto eu estava no aeroporto de Tel Aviv, Ben Gurion, minha cabeça não imaginava esse cenário que passei nos últimos quatro dias na Tailândia. O desconhecido fez a sua parte, enquanto eu estava viajando, e me mostrou portas e caminhos que expandiram a minha consciência.

A senhora consequência: pessoas que conheci no caminho. 

Houve uma passagem da minha viagem que me dei conta sobre uma das principais razões de eu estar passando tanto tempo fora do meu ninho. Após ter vivido em um mesmo lugar por 100 dias eu criei laços que levo para a vida. Em Israel conheci pessoas que estarão comigo até que a morte nos separe. Fiz amizade com seres humanos que não esperava fazer antes de pisar na Terra Santa. Não desmerecendo os outros lugares em que morei, mas Tel Aviv foi onde eu passei a maior parte do tempo em um só lugar.

Três dias antes de ir eu comecei a matutar sobre as pessoas que eu estava deixando naquela cidade e se fiz o certo de ter partido. Criei laços profundos com muita gente num lugar só. O desconhecido me apresentou pessoas que carrego em minha memória. Por três dias eu tive uma crise de tristeza profunda. Um anjo que apareceu na minha vida citou uma frase “Quanta sorte eu tenho por ter algo que faça a despedida ser tão difícil”. Aliás, esse anjo foi um dos seres que me fez esclarecer o por que estou viajando.

Vinte minutos após ter me despedido do meu povo, tiramos uma foto na polaroid de uma amiga. Uma recordação e um presente que tem um valor infinito para mim. Eram aquelas pessoas que estavam na foto e as outras que não puderam estar presentes que fizeram minha viagem ser foda. Não foi Petra, Alhambra, Mar Morto ou seja qualquer maravilha que eu vi. Foram aqueles seres humanos que conviveram por tanto tempo comigo.

Obrigado pela viagem desconhecido!

Após ter despedido de todos e com a foto em minha carteira, fui segurado pelas pernas por duas amigas minhas para que eu não deixasse o hostel quando eu já estava no outro lado da rua colocando a mala no porta malas do carro. Aquele momento foi o resumo de como foi e está sendo minha experiência nessa viagem. Aquela pergunta do porque estou viajando está cada vez mais clara. Se houver resposta exata bacana, mas se não, só vamos curtindo o caminho mesmo. Só tenho que agradecer aquele que tem feito minhas viagens inesquecíveis, obrigado desconhecido.


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